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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Miragem
















Para mim, neste momento, já és quase uma miragem.

Bem, quase.

À noite, quando me enrolo no edredon e me embrenho da escuridão ponteada pela luz ténue que foge pela janela com as persianas meias fechadas do meu quarto, quando vejo os teus lábios tocar na pele dos meu pulsos, ou ouço um suspiro teu ao ouvido... és uma miragem tão real.

Mas, depois do toque do despertador, logo pela manhã, desvaneces.

Acordo lentamente, resmungo para o nada, escolho a roupa que vou vestir, tomo o leite com cereais, ponho perfume nos pulsos, aperto o relógio que me lembra os minutos (monótonos) que passam, escovo os dentes, levo mais uma vez a música aos ouvidos, visto um casaco qualquer e corro para mais um dia igual aos outros.

Arranco um sorriso dos confins da minha alma e arrasto-me com os livros na mão, pelos corredores, à procura da sala para a próxima aula. Tenho conversas. Encontro-me com aqueles que realmente me importam, que eu amo e se preocupam comigo. Sinto falta de outros que estão longe.

Às vezes, atiro-me para um canto com os phones nos ouvidos. Rabisco nas mãos coisas indecifráveis ao olhar de alguém que não eu. Leio e ouço coisas que me tocam na ferida.

Sabes, eu pensava que andava a enganar completamente a mim própria.

Mas não, é exactamente o contrário. Quando alguma pessoa mais corajosa me fala de ti, costumo despejar algo que não o que realmente sinto.

Mas também, admito, não estou a ser honesta comigo mesma. Pelo menos, não dessa forma.

Passo por ti. Indiferente, despreocupado, distante, alterado. Como se nunca na vida tivesses pronunciado o meu nome ou mergulhado no meu olhar.

Irreconheço-te. E percebo que o meu amor por ti é uma miragem ainda mais miragem do que a miragem que me beija antes de adormecer. Bem, quase.

Irreconheço-me também a mim própria.

E, no meio de tudo isto, chego a pensar que eu - o meu amor (por ti) - é que é a verdadeira miragem.

Virei a página.

Ou, vá, quase.

P.S.: Peço desculpa pela má qualidade do texto que se seguiu e ainda mais caso se sintam desiludidos por terem perdido uns minutos do vosso tempo a ler isto. Este texto pode até nem ter mesmo sentido, mas na altura em que o escrevi estava com vontade de deitar para cá para fora assim umas coisas do género. Aviso, também, que é mais ou menos fictício. Este texto foi escrito a 19 de Janeiro deste ano.

Oh, and I'm sorry, again.

Vodka Limão

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