Páginas

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um até sempre


No escuro e silencioso quarto onde estou a entregar-me às palavras, procuro no vazio da minha mente, algo que me faça esquecer a Tua existência, algo que me faça esquecer que sofri durante um longo e interminável ano, algo que me faça voltar a ter aquele meu sorriso na cara, aquele brilho no olhar, e que nada seja falso, como eram até aqui. Encosto-me a um pequeno canto e reflicto sobre tudo o que passamos e o que poderíamos ter passado, e tento perceber se valerá a pena continuar tal caminho a lutar por Ti, por Mim, por Nós. Sinceramente, tenho pena, mas pelos vistos para Ti a palavra Nós, já não existe. Esquecer-te é o maior passo que darei, e será o melhor para Mim. Pergunto-me se cairei? Provavelmente, mas de que vale a vida se não houverem quedas, erros, derrotas, vitórias, sofrimento e tudo o resto? Procurar-me-ás? Duvido, mas ficarei à espera que esse dia possa vir a existir. Terás uma lágrima a marcar o meu rumo e da promessa de que te amei de verdade. Quando essa lágrima desaparecer, significa que eu também terei desaparecido da Tua vida. Ausentar-me-ei por um tempo indeterminado, não interessa para onde vou, não interessa com quem vou, nem de como ficarei, só saberás que fui espairecer e esquecer que ainda vivo. Um adeus fica aqui perante todos os leitores deste texto.
“… Goodbye my lover, goodbye my friend,
You have been the one,
You have been the on for me …”
Vodka Morango

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Texto sem Título



Nestas pequenas linhas poderia dizer o quanto gosto de Ti e o quanto importante és para mim, mas não é esse o meu objectivo de hoje.
Sentada na cama, olho através do vidro da janela, vejo o mundo lá fora sem vida, tudo sem cor. Questiono-me a razão de tal acontecimento, mas não obtenho resposta alguma. Sinto algo estranho a percorrer o meu corpo, algo inexplicável, algo gélido mas ao mesmo tempo quente, uma dor que não me deixa fazer qualquer movimento possível, esperei que aquele assustador sentimento desaparece-se, peguei nos meus fones, e corri até à porta de saída esquecendo tudo o que para trás ficou, procurando a resposta. Chegada à rua, deparo-me que não há vulto nenhum, nenhum ser vivo. Imóvel a tudo o que acontece-se fiquei ali. Tinha a plena consciência que algo iria acontecer, algo perigoso. Tentei gritar para que pudessem vir tirar-me daquele lugar mas nem o eco da minha voz ouvi, tentei mexer-me mas os meus movimentos foram em vão, tentei usar todas as forças que permaneciam naquele momento no meu corpo, mas até elas foram insuficientes, nada aconteceu. Então, ali imóvel, ao som da música e sem força alguma, deixei-me cair no chão frio e permanecer caída durante horas afim. Ficarei à espera que tudo mude, que volte a haver vida, que volta a haver cor, que volte tudo como era dantes e que me possam vir ajudar. Mas enquanto isso, deixo-me desvanecer entre os meus pensamentos, entre todos os meus sentimentos que de alguma maneira me matam por dentro, aqueles sentimentos mais cruéis.
Desta vez, foi apenas uma pequena despedida, um pequeno adeus, porque talvez, noutra vida regressarei ao lugar onde me deixei ficar caída.

Vodka Morango
Fotografia por Flávio Vieira

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A cidadela

A loucura arrastava-se no bélico momento do pano estrelado.
Ouviam-se harpejos suaves de dentes tilintantes. E a brisa dedilhava no silêncio da noite tensa. Homens preparavam-se para o fogo ardente da batalha. (A serenidade esbatia-se nos seus rostos transparecendo a salvação perdida no tempo.)
A cidadela dormia no crepúsculo da tensão dormente.
E um sorriso desenhava-se na escuridão.
Um único.
Na sua tenra juventude máscula, ele sorria. Uma fileira de dentes perfeitos rebrilhavam na escuridão. Desalinhou ainda mais o cabelo rebelde, bonito. O seu olhar de ouro derretido emanava um calor estranhamente agradável e belo.
A brise rolou, mais uma vez, gelada na noite, abraçando o seu peito firme e os músculos de um fio de dias árduos na tensão do exército.
O cabelo e as roupas esvoaçavam ao sabor da rebeldia quando soou a trompeta. Um som gelado, cortante, despedaçou os harpejos suaves, impondo o silêncio.
A presença da cidadela era quase inexistente. E o seu sorriso brilhava ainda mais. Belo, divino, perfeito. No crepúsculo da tensão dormente. Do bélico momento do pano estrelado.

(escrito a 04/03/09 & 05/03/09)

Vodka Limão.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mas Escrevo ..


As estrelas brilham, a chuva cai de forma contínua, eu ouço música e escrevo, escrevo até me faltarem linhas e lápis, até me doerem os dedos, mas escrevo, escrevo tudo o que preciso, escrevo todas as recordações, todas as memórias, todos os momentos, todos os pensamentos, escrevo textos, escrevo poemas, escrevo tudo aquilo que me deixarem. Voam palavras, frases na minha cabeça, para dizer tudo aquilo que tenho medo, para pronunciar todas aquelas palavras que gostava de ouvir, vindas da Tua boca, mas que não és capaz de dizer, e só eu sei o quanto me custa saber isso, talvez nunca as vá ouvir, mas a esperança é sempre a última a morrer. Um dia, quando a chuva deixar de cair, quando o sol deixar de brilhar, quando a lua deixar de iluminar a noite, quando o fogo deixar de queimar, quando tudo ficar estranho, eu prometo que continuarei a escrever aqueles longos e sentidos textos, continuarei sem fim .. O mundo poderá desabar em mim, mas eu não deixarei de escrever as pequenas palavras que persistem em ficar na minha cabeça, mas que tentam saltar para as linhas, para a minha boca, para todo o lado, continuarei, continuarei sem medo .. Um dia irás dar valor a tais palavras, e voltarás atrás, mas aí eu já lá não estarei, pois continuei a minha viagem. Então, irás aprender a ler as entrelinhas e saberás o que significas-te para mim, até lá fica uma lágrima de saudade. Daqui a um longo tempo voltarei para te escrever mais um dos textos, por enquanto permanecerei em silêncio.


Vodka Morango