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quarta-feira, 28 de abril de 2021

Desabafo III

Estou perdida. Mas também não tenho capacidade de me conseguir encontrar, ou talvez nem se quer me queira encontrar. Sinto que não pertenço a este lugar, preciso de estar sozinha. Continuo perdida ainda assim. 


Vodka Morango

sexta-feira, 16 de abril de 2021

desabafo II

Era uma noite, tão escura e tão fria, parecia saída daqueles filmes de terror. Lá estava eu, num lugar estranho, onde não conhecia ninguém, nem ninguém me conhecia a mim também, e eu só queria fugir. o problema foi esse mesmo, não conseguir fugir e permaneci. Observava tudo o que se passava à minha volta, e todos aqueles hábitos estranhos que eles tinham, que eu nem se quer sabia que existiam. Até que, de um momento para o outro, consegui fugir. Fugi, fugi para aquele lugar a que todos chamam casa, mas... qual casa? senti-me tão sozinha, e perdida nessa altura, mais uma vez, no meio de entre tantas. não tinha ninguém a quem recorrer, não tinha o colo e o carinho de ninguém, não tinha nada, não tinha ninguém. quem me dera não ter fugido e ter simplesmente existido naquele lugar retirado de um filme de terror. senti-me vazia, talvez não me sentisse vazia, mas na verdade eu era o vazio, na sua imensidão total. Nos dias que se passavam, simplesmente deixei de ter emoções, mais uma vez queria fugir. e para onde? para este meu refugio onde me encontrei a primeira vez, onde a natureza está em todo o lado, onde a praia, o mar e o ambiente me trazia de volta a mim. Tudo muda aqui, tudo me faz renascer e trazer de novo a mim, de novo à minha existência. só queria poder manter-me aqui, e ser de novo feliz aqui. tenho medo de voltar àquele lugar onde me perdi diversas vezes, e onde não me consegui encontrar nunca. tenho medo.


Vodka Morango



desabafo

a vida é tão montanha russa, umas vezes estás lá em cima, e outras tantas estás a descer a pique, numa descida vertiginosa que nem te consegues agarrar para te manteres ao de cima. nessa mesma descida, deparei-me com o meu vazio interior, onde perdi tudo o que tinha. perdi-me e senti que nunca mais me iria encontrar. fugi, fugi para aqui por sentir natureza em todos os poros existentes, na casa, nos caminhos, nas pessoas, no sol, nos passarinhos, na praia. principalmente na praia. tinha tanto tempo, mas estava tão presa a mim, na minha cabeça e nos meus traumas. fugi para este refúgio sem pensar duas vezes, porque o silêncio me trazia de volta, o mar trazia-me de volta, tudo me trazia de volta, tudo o que eu respirava aqui me trazia de volta, me preenchia aquele vazio que mais nenhum outro ser consegue preencher. tudo o que eu fugia não existia, as pessoas e a dependência que eu talvez tinha delas, o barulho, os sítios das lembranças que não queremos lembrar, tudo isto me sugava a alma e dei por mim sem saber de mim. mas a verdade é que aqui, nada disso existia. Era disso que precisava, destruir tudo o que tinha construído, todos os medos, todos os traumas e todas as barreiras. E reencontrar-me.


Vodka Morango

sufoco

Quando me sinto a sufocar, venho aqui deixar um pouco desse sufoco para ver se fico aliviada, mas quase nunca isso acontece. Então tento refugiar-me em mim, e simplesmente existir para conseguir atenuar tudo o que se passa à minha volta. 


Vodka Morango