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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mortes Embriagadas

De garrafa vazia na mão, arrasto o meu corpo, agora morto, até á tua porta. Comigo carrego as feridas das memórias e as hemorragias constantes do meu coração. Embebedo-me de vazio, enquanto observo atentamente cada traço da palma da minha mão.
Limito-me a sangrar, a sentar-me e a observar as almas perdidas que vagueiam na noite que se cobre de silêncio.
O sangue que se espalha no asfalto, abandonado, calcado, dá forma a cada passo, a cada caminho.
É como se o tempo não me deixasse continuar, como se o relógio descansasse os ponteiros deixando-os morrer para sempre, como se tudo acabasse no momento em que estávamos determinados a perder tudo por um beijo…
Lembro-me de ouvir cada passo teu que se coordenava com o bater ansioso do meu coração, que se tornava mais forte á medida que te aproximavas, enquanto eu mantinha os olhos no chão e contava todas as pequenas pedras como quem conta os segundos do relógio. Como se o tempo tivesse quebrado a corrente rotineira dos ponteiros do relógio, nada mais existia para além de um mundo de sombras paralelo a nós.
Sentia o teu leve respirar, as tuas doces palavras indefinidas no meu ouvido, enquanto o teu corpo se aproximava lentamente do meu. Instintivamente todos os pensamentos foram-se apagando enquanto uma explosão de sentimentos era partilhada pelo quente e puro toque de um beijo proibido. Sentíamos o perigo, mas não queríamos desistir…


Vodka Morango

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