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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Cartas e Danças a Ninguém

Imagino-me sentada num velho banco de madeira pintado de azul (banco que eu mesma pintei) de caneta e papel na mão a escrever cartas a ninguém… Cartas que vou mandar pelo correio a uma morada em branco… Cartas que o carteiro me virá devolver… E cartas a que eu me vou sentir na obrigação de responder… 
Vou escrever um livro que não vai ter sentido algum… Vou chamar-lhe livro porque vai ter imensas folhas, muitas delas em branco, outras com umas enormes barbaridades e umas manchas secas de café. Nas noites de lua cheia, vou abrir as portadas da varanda, vou cantar a música mais triste e vou dançar… Vou dançar sozinha!
Um dia, vou subir ao telhado – como faço todas as noites em que sinto saudade – para contar as estrelas. Nesse dia vai estar a chover. Vou sentir a chuva lavar-me o rosto e o quanto calmante isso é. A lua vai lá estar e vai convidar-me para uma última dança, descalça, vou levantar-me, vou erguer a mão ao céu e vou dançar com a lua no telhado… A dança vai terminar com um passo escorregadio, vou abrir os braços, atirar-me de cabeça e finalmente vou ser livre… de voar! 

Vodka Morango

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