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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Calm Down


Molhei os pés pela enésima vez, na água fria do mar.
Lentamente, entreguei o meu corpo e espírito à frescura das águas e mergulhei no seu núcleo infinito. Quando voltei à tona, parecia purificada. Parecia ver o mundo de outra forma. O obscuro havia fugido e os meus olhos apenas observavam a luz.
Ali, na praia, tudo é bonito. Sempre que olhava o pôr-do-sol sobre o ondular da água e a areia fina dançando em redor, dava-me sempre vontade de tirar uma fotografia daquelas artísticas ou de sentar-me ali a desenhar o místico daquele lugar.
Sim, a desenhar.
Já não é a primeira vez, que ao me lembrar deste verbo tão banal, "desenhar", sinto a tristeza a inundar a minha alma. Sabes porquê?
Infelizmente, o nosso mundo está cada vez mais carregado de hostilidade e egoísmo. O dinheiro parece dominar tudo e todos, e a sociedade acaba por se esquecer do verdadeiro significado da palavra "arte". Parece que pouca gente lhe dá a verdadeiro valor. Isto entristece-me. E muito.
Mas sabes outra coisa?
Quando começo a traçar os primeiros riscos no papel sinto sempre uma sensação fabulosa a dominar-me. Talvez seja alegria, não sei. Só sei que é sempre esse sentimento que me leva a desenhar, a traçar, a transmitir pelo carvão o que vai na minha alma, aquilo que não posso transmitir por palavras, a construir o imaginário.
Há alturas em que penso que esse sentimento que te falei à pouco se deve à verdadeira essência da arte. E também às poucas pessoas que sabem dar o devido valor à arte. Deve-se a pessoas como tu.
E é nessas alturas que posso murmurar no intenso frio da água do mar, que amo a arte.

texto escrito por volta de 2007 ou 2008 com o nome original de "Mar e Arte". agora vejo o quanto realmente cresceu a minha escrita.

Vodka Limão

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