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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Suspiros Estrelados


Era noite cerrada, o avançar dos ponteiros teimava em não se desprender da minha mente .. Sentada no friso de mármore da minha janela, imóvel permaneço a contemplar as estrelas e todo aquele seu brilho que me fascinava desde muito nova. Com as pernas a baloiçar no silêncio da noite, pego num pequeno pedaço de papel amarrotado que se encontrava ao meu lado, parecia que tinha vindo de propósito pousar ali para ser lido por alguém. À primeira vista parecia uma simples e inútil carta para alguém, não se percebia bem quem pois a caneta estava um pouco gasta .. Mas no fundo, apercebi-me que não era disso que se tratava, era mais complexa do que eu imaginava, era mais sentida do que algum outro sentimento já vivido. Era uma das cartas mais tristes que já tivera lido em toda a minha vida, era uma carta de suicídio. Quem a redigira estava a lembrar-se de todos os momentos bons, de esplêndida felicidade que tinha passado, relatava também aqueles acontecimentos que o levaram ao auge de uma vida bem vivida e bem trabalhada, mas acima de tudo feliz, mas que por algum motivo que não existia nessa mesma carta, havia terminado duma maneira tão cruel. Apesar de nem saber de quem se tratavam, entrei profundamente nessa magnifica história. Fiquei tão envolvida em tal conto que pensei que um dia iria ser mesmo feliz quanto eles foram. Acabada a carta, pousei-a com cuidado junto de mim, e voltei a olhar aquele maravilhoso céu que estava todas as noites ali para ser observado por qualquer ser vivo que quisesse e também para todos os caíres de sol e levantares de lua nos desejar boa noite. Aquele tic-tac enlouquecido voltara a povoar a minha cabeça de novo, então achei melhor sair dali e ir-me deitar, pois já havia acontecido muitas coisas para uma só noite. No fim de todo aquele tempo, o céu e as estrelas não perderam o encanto. Num tom sereno, calmo, determinado pronunciei: “Também merecem ter uma boa noite estrelas!”
Vodka Morango

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