Vem.
Inquietavam-se os galhos das árvores quando ele caminhou na minha direcção.
Estava escuro, o frio entranhava-se na minha pele e os cabelos acariciavam o vento da noite.
O medo começava a invadir o meu corpo. Mas eu colhia máscaras na ansiedade para afastar esse inoportuno nervosismo.
Vem.
O tapete natural no chão da floresta crepitava a cada passo dele.
Mantinha o rosto perfeito longe do meu. Não me olhava nos olhos - mantinha-os presos nas folhas que estalavam sobre os seus passos.
Estaria a esconder-me algumas lágrimas que lhe fugiam do controlo?
Vem
Ele vinha.
Quase parei de respirar quando o seu aroma tão característico me preencheu os sentidos.
Fechei os olhos. E ouvi o meu coração bater mais rápido do que as asas de qualquer beija-flor.
Vem.
Respirei fundo e, o mais serenamente possível, manti as pálpebras juntas.
Senti-o tão próximo de mim que deixei de ouvir os sons das árvores em nosso redor. Só havia o frio e o medo. E o vento a sussurrar-me alento ao ouvido.
Tremi quando os seus dedos tocaram a pele do meu rosto e o obrigaram a olhá-lo. Afinal não era ele que queria evitar o meu olhar? Continuei com os olhos fechados.
O mundo, por instantes, parou.
As nossas respirações uniram-se. E, entretanto, o frio fugira, pela noite.
9 de Janeiro de 2010
Vodka Limão
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